De características quase impossíveis de domar, o rio douro era enfrentado diariamente por barqueiros que desafiavam a sua força.
Exemplo desses corajosos barqueiros foi Tomás Rodrigues, conhecido com Tomás Barqueiro. Tomás Barqueiro nasceu na Folgosa no seio de uma família de barqueiros e pescadores. Na sua época, garantiu as travessias de barca para a outra margem, ligando a Folgosa à estação de comboio de Covelinhas. Nos dias de hoje, os seus descendentes mantém viva a sua lenda, nos passeios de barco da Origem Douro.
No Douro não existiam apenas os barcos rabelos. O barqueiro da Folgosa governava um valboeiro, um barco com cerca de 12 metros de comprimento mas que em nada perdia para os possantes rabelos na versatilidade dos transportes de cargas.
Conhecedor dos escolhos, dos cachões, das galeiras e dos poços Tomás barqueiro assegurou a sua licença de navegação neste rio, até então mau de navegar. O contrato obrigava-o a cumprir os horários do comboio, passar a pessoa que recolhia o correio todos os dias na estação de Covelinhas e ter o barco em condições de segurança para transportar passageiros. Os seus três barcos eram batizados com nomes bíblicos, Tomás de Aquino, o barco das passagens e São Pedro e Vasco da Gama, barcos usados na pesca.
No verão embarcava os seus passageiros junto à Galeira ou perto da Sanceira, duas pedras de referência da Folgosa. A Sanceira era a zona de banhos dos homens e lugar mais próximo para acesso ao caminho que dava acesso à estação de Covelinhas. No inverno, o embarque fazia-se mais a montante destas referencias.
Costumava levar consigo pessoas que o ajudariam a rebocar o barco com uma corda , por vezes adolescentes, que com ele aprenderam a nadar e que protegia dos perigos do rio.
As travessias que Tomas fazia entre a margem da Folgosa e Covelinhas, aproximou os dois povos, tendo sido responsável por alguns casamentos “entre-margens”. Para além de pessoas, transportava mercadorias e possibilitava o comércio na Folgosa. Quem o conhecia, chamava da margem “ó tio Tomas, “ó barqueiro”, até que respondesse: “já vou”. Quando sabia de antemão que o passageiro tinha dificuldades em pagar a passagem, não cobrava nada. Era um homem justo.
Profissão de responsabilidade a vida de barqueiro não era muito bem paga. Tomás recebia cerca de 20 mil reis por dia e havia dias de apenas 10 tostões, o valor de uma passagem.